Diogo Souza

Escritor e jornalista

Doce-Amargo | Poesia | Cara do Espelho

Hoje temos uma poesia que escrevi ao ler o livro “On the Road”, de Jack Kerouack (aliás escrevi muitas coisas depois deste livro). O poema é inspirado nas loucuras e doçuras do personagem Dean, um típico anti-herói.

Dean Moriarty (Garret Hedlund), no filme On the road (Foto: Divulgação)



“Seus olhos desprendiam raios furiosos
quando falava sobre coisas que odiava; 
uma grande e cintilante satisfação os substituía
quando ele ficava repentinamente feliz; 
cada músculo se contraía para viver e partir.”
(Jack Kerouac – On the Road)


Dean era absolutamente tudo o que podia ser,
Nem um grama a mais nem a menos
Ele tinha apenas uma mochila cheia de sonhos
Um cigarro e um sorriso sacana nos lábios
Ele tinha marcas da vida na alma
E traços da juventude no corpo
Ele fazia o que queria
Seu desdém era sua melhor arma,
Ele era afiado e não levava desaforo pra casa
Contava os amigos com os dedos da mão
Quanto aos inimigos,
Multidões podem seguir alguém de muitas formas.
Seu lugar era onde o instinto o levasse
E alguém sempre tentava prendê-lo
Mas não havia prisão capaz de conter sua alma em expansão
Tinha toda a inspiração nos olhos serenos
E toda a fúria nos punhos fechados
E todos os pensamentos no silêncio crepuscular
Ele amava, e como amava
Quando detestava, como detestava
Ele vivia, e como vivia
Estava cansado de viver na medida dos outros
Dean era deliciosamente irritante
Dean acelerava rumo ao Sol do Oeste
Dean era deliciosamente doce-amargo.



Diogo Souza,
06 de outubro de 2015