Diogo Souza

Escritor e jornalista
Hoje temos uma poesia que escrevi ao ler o livro “On the Road”, de Jack Kerouack (aliás escrevi muitas coisas depois deste livro). O poema é inspirado nas loucuras e doçuras do personagem Dean, um típico anti-herói.

Dean Moriarty (Garret Hedlund), no filme On the road (Foto: Divulgação)



“Seus olhos desprendiam raios furiosos
quando falava sobre coisas que odiava; 
uma grande e cintilante satisfação os substituía
quando ele ficava repentinamente feliz; 
cada músculo se contraía para viver e partir.”
(Jack Kerouac – On the Road)


Dean era absolutamente tudo o que podia ser,
Nem um grama a mais nem a menos
Ele tinha apenas uma mochila cheia de sonhos
Um cigarro e um sorriso sacana nos lábios
Ele tinha marcas da vida na alma
E traços da juventude no corpo
Ele fazia o que queria
Seu desdém era sua melhor arma,
Ele era afiado e não levava desaforo pra casa
Contava os amigos com os dedos da mão
Quanto aos inimigos,
Multidões podem seguir alguém de muitas formas.
Seu lugar era onde o instinto o levasse
E alguém sempre tentava prendê-lo
Mas não havia prisão capaz de conter sua alma em expansão
Tinha toda a inspiração nos olhos serenos
E toda a fúria nos punhos fechados
E todos os pensamentos no silêncio crepuscular
Ele amava, e como amava
Quando detestava, como detestava
Ele vivia, e como vivia
Estava cansado de viver na medida dos outros
Dean era deliciosamente irritante
Dean acelerava rumo ao Sol do Oeste
Dean era deliciosamente doce-amargo.



Diogo Souza,
06 de outubro de 2015


Se meus olhos fossem as telas de seus computadores ou celulares certamente eles veriam os olhares de reprovação de vocês que acompanharam o Cara do Espelho por tanto tempo. Eu sumi e como sumi!
Mas estou de volta e, para me redimir, trouxe um vídeo  gravado em JUNHO de 2015 e que representa esse novo momento do Cara do Espelho. 



 “Afinal, quem é você? Diogo ou o Cara do Espelho?”

Foi isso que me perguntaram outro dia e, sinceramente, não sei mais dizer. Por muito tempo mantive os dois separados. Na verdade, o Cara não passava de um alter ego usado como via de escape para emoções acumuladas. Mas hoje não há mais fronteiras entre um e outro.

Contudo, o Diogo não é o Cara do Espelho, nem o Cara é o Diogo, embora ambos ainda sejam a mesma pessoa. Duas personalidades. São como metades que andaram em direções diferentes até esbarrar um no outro para finalmente voltar a sentido. 

O reflexo encontrou seu espelho, a luz foi devidamente focada na direção certa. A verdade é que não se pode estar ou ser pela metade, há uma sensação de incompletude paralisante neste processo. “Não há reflexo sem luz”, me disse um colega. O espelho precisava de luz e a luz de reflexo. 

E, para isso, não basta se colocar diante do espelho, é preciso encará-lo, reconhecer-se e mergulhar no próprio reflexo. Refletir por si só. Isso é encontrar a luz, a paz interior. É o que este blog representa, o encontro do Cara com o Espelho.
Conjunção. 

Diogo Souza, o Cara do Espelho