Diogo Souza

Escritor e jornalista

Chuva, eu também sou tempestade | Poesia | Cara do Espelho


A noite se prolonga e eu não posso dormir
Sinto minha alma em chamas
Enquanto o silêncio grita comigo
Eu sei que ela está chegando
O vento bate minha janela
Os relâmpagos invadem meu quarto
Ouço o som dos trovões, ela me chama
E vou ao seu encontro

Chuva, chova dentro da minha alma
Chuva, eu também sou tempestade
Chuva, agora eu faço parte de você
Chuva, talvez só você me entenda

Agora chove em mim 
Os pudores escorrem pelo chão
Entregue de corpo e alma
Chuva doce e fresca
Que me acaricia
Que me agride
Como mentiras e verdades
Limpando a visão
Sob os flashes elétricos
Sob o canto dos céus 

Chuva, lave a lama de mim
Dê-me outra oportunidade
Deixe-me transbordar
Chuva, lave minha alma
Leve aquilo que não posso carregar
Lave-me da religião, do pecado

Doce e implacável chuva, eu imploro
Leve minhas angústias
Lave minhas mágoas
Desmanche minhas máscaras
Doce e implacável chuva
Lave minha saudade
Lave o que não se desfez
Lave-me dos meus excessos

Chuva, há um incêndio em meu peito 
Chuva, me liberte
Chuva, me abrace
Chuva, não me deixe deserto
Chuva, por Deus! 
Eu imploro! Purifique-me!
Permita ao meu coração florescer
Chuva, lave minha alma


Diogo Souza,
22 de outubro de 2015