Diogo Souza

Escritor e jornalista

Durante a aula de hoje, vi alguém usando um lápis para escrever e depois pedindo uma borracha para apagar um erro. Isso me fez perceber que o único período que escrevi a lápis foi a infância, quando tudo era mais lúdico, quase fantasioso. Nessa época era permitido errar. Isso me fez pensar que a vida é como um texto escrito a caneta. Se você errar, não tem como apagar, pois é tudo marcado a tinta. Ou você desiste da folha inteira e a rasga, ou você borra, corrige e segue em frente.

E as pessoas reagem de maneiras diferentes aos próprios erros. Tem quem passa um traço e continua prontamente o caminho, outros não aceitam muito bem a incorreção e tentam encontrar uma maneira de remendar as coisas e incorporar o erro. Também tem aqueles que fazem borrões para cobrir a falha, alguns mais suaves e espaçados, outros bem fortes e marcados, enfatizando o tropeço na linha. E tem ainda aqueles que passam corretivo e fingem que nada aconteceu.

Essas são só algumas formas de lidar com os erros “irremediáveis” do mundo adulto, não somente numa folha de papel. São as formas de aceitar, entender, corrigir e seguir em frente. A forma como reagimos diante dos erros dirá se conseguiremos aprender e acertar adiante. Erros são uma grande fonte de aprendizado para quem tem humildade e sensibilidade para aprender com eles.

Quando vejo um texto cheio de borrões, não o encaro como cheio de erros, mas sim como cheio de reflexão e aprendizado. A mesma coisa acontece com as pessoas que encontro, prefiro imensamente ver aquelas que estão cheias de borrões do que as que se cobrem de corretivo e remendos mal feitos. Prefiro as que tiveram coragem de assumir os desacertos, aprenderam com eles e seguiram em frente.

Isso é grandioso. Aprender com os erros é verdadeiramente humano.



Diogo Souza,
04 de junho de 2016, às 23:02
Aracaju/SE

Foto: J. Santana



Meus ídolos já morreram todos (a maioria da mesma causa)
Eu não gosto das tendências, nem das coisas mais compradas
Meus livros preferidos não são sagas, nem modinhas temáticas
Gosto de ser do contra, mas nem sempre eu falo
Não tenho paciência para séries, nem saco pra televisão
(E sim, Dani Carlos, eu também vejo filmes em pausas)
Meus personagens favoritos são sempre os vilões
Meus hits prediletos já eram clássicos muito antes de eu nascer
Eu vivo fases musicais: anos 80, 90, pop, latina e rock ‘n’ roll
Eu tenho poucos amigos e não os defino em melhores ou piores
Meus amigos não são amigos dos meus outros amigos
Eu não sou bom em me aproximar, mas eu faço um esforço
Eu tô sempre tentando fazer alguém rir
E eu vivo rindo, rio até de nervoso e quando fico aflito
Eu não sei demonstrar o que sinto, mas às vezes eu tento e quase sempre me arrependo
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Eu tenho teorias sobre as pessoas à minha volta
Eu vejo nuvens negras sobre algumas delas e fico à distância e não costumo me enganar
Eu gosto de ficar sozinho, às vezes, e não gosto que me perturbem
E que quebrem a minha rotina e meus métodos
Não gosto que me abracem por trás de surpresa
Não gosto que me chamem de Dhi, mas abro duas ou três exceções
Não gosto que me olhem enquanto escrevo ou leio
E escrevo mais (e melhor) quando estou triste ou melancólico
Eu não costumo falar dos meus problemas
Às vezes, eu sumo do nada e volto do nada também
Eu sempre tenho um lado sombrio e oculto assim como a lua
Eu gosto do divino e sou apaixonado pelo profano, eu sou controverso
Eu mudo de assunto muito rápido, tô sempre fazendo piadas
Eu tenho excelente memória pros detalhes, mas não sou bom com as datas
Eu sou impossível de esquecer, mas difícil de ser lembrado*


Escrito em 24 de julho de 2015

* Fala da personagem Claire no filme Elizabethtown (2005)